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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Nossa História: Yamaha VMax inaugurou conceito de drag-bike

 

Contamos a trajetória do modelo que mudou para sempre o mundo custom com motor V4 sobrealimentado e estética musculosa

 

Poucas motos tão ousadas fizeram sucesso como a Yamaha V-Max 1200, que comemora este ano 30 anos de seu lançamento. Inspirada nos muscle cars, misturava duas paixões americanas: motos custom e provas de aceleração. Inaugurou assim o conceito de “drag-bike”, ao ser equipada com um poderoso motor V4 de 1.200cc capaz de acelerá-la de 0 a 400 metros em 10,3 segundos e fazê-la atingir 250 km/h. Em 1985, foi apresentada como a moto mais potente do mundo, somando 145 cv.

A ideia de lançar uma motocicleta custom de estilo agressivo e tão emocionante de acelerar quanto um muscle car veio do então gerente geral da Yamaha do Japão Akira Araki, após assistir a provas de arrancada em uma viagem aos Estados Unidos. Em conjunto com uma equipe de design chefiada por Yasushi Ashihara surgiu o esboço do que seria futuramente a VMax, exibindo grandes tomadas de ar laterais inspiradas em jatos de caça e ponteiras de escape cônicas apontadas para cada lado como nos dragsters.

O motor V4 com 4 válvulas por cilindro, comando duplo e refrigeração líquida veio da touring XVZ 1200 Venture. No entanto, os engenheiros queriam extrair mais que os 97 cv para realmente impressionar o público. Diversos recursos foram testados e até a instalação de um turbo foi considerada, e logo descartada pela complexidade e espaço necessário. A solução veio com um sistema nomeado de Vboost, que através de borboletas controladas eletronicamente libera ligações nos dutos de admissão para que cada cilindro seja alimentado por dois carburadores ao mesmo tempo a partir de 6.500 rpm (são quatro carburadores, que podem alimentar outro cilindro enquanto o próprio não está em fase de admissão). Houve também uma versão da VMax sem o Vboost, que desenvolvia 102 cv e era exportada para países com mais restrições a poluentes.

Aceleração estúpida

O desempenho elevado até para os padrões atuais torna a experiência de pilotar a VMax única. “Estica-se a 2ª e a 3ª marcha e a demonstração de força é contínua e de forma estúpida. Tudo parece igual e promete acontecer o mesmo em 4ª e 5ª marcha”, relatava o primeiro teste publicado por Duas Rodas, em 1985. Um pequeno velocímetro sobre o guidão curto, típico de motos naked, indica a velocidade crescendo vertiginosamente. Dois relógios adicionais (conta-giros e temperatura) ficam agrupados em cima do falso tanque com as luzes-espia, como no console central de um muscle car. A peça pintada sobre o motor apenas esconde a caixa de ar para os quatro carburadores, enquanto o tanque fica embaixo do tanque.

Se o motor da VMax surpreendia, não se pode dizer o mesmo do restante do conjunto. Mesmo com o tanque de combustível sob o banco para baixar o centro de gravidade e uma postura de pilotagem semelhante à das motos naked, que facilita o domínio sobre a moto, o peso suspenso limitava a agilidade e a estabilidade em altas velocidades não era digna de elogios. Sua virtude não estava nas curvas, mas sim nas acelerações em linha reta – como uma boa versão de duas rodas de um muscle car...

Do lançamento até a versão comemorativa de 20 anos que encerrou sua produção em 2005, a VMax passou por poucas mudanças. A maioria delas estéticas, como as novas rodas em 1987, variações de pintura e acabamento imitando fibra de carbono nas partes plásticas a partir de 1999. As evoluções técnicas foram sutis, como a utilização de discos ventilados a partir de 1986, inclusão de ignição eletrônica digital em 1990, comando de válvulas com novo diagrama de abertura para render mais torque em baixas rotações e relação de transmissão alongada em 1991, bengalas com 43 mm de diâmetro (antes 40 mm), novas pinças de freio de 4 pistões e alternador mais potente em 1993 e, por fim, a substituição do filtro de óleo de papel pelo tipo cartucho em 1996.

O encerramento da produção da VMax não foi suficiente para colocar um fim no legado de sucesso. Assim como aconteceu com outros modelos de identidade marcante criados pela Yamaha nos anos 1980, a valorização no mercado de usadas permaneceria ao longo dos anos e a fabricante aproveitaria para relançá-la como uma nova moto. O retorno ocorreu três anos depois com design que faz referência ao passado e um novo V4 de 1.679cc com 200 cv de potência e 17 kgf.m de torque. Vendida quase que por encomenda com o maior preço da linha Yamaha atual, a nova VMax mantém viva a fama de seu poder de aceleração brutal.








Fotos: Mario Villaescusa

 Fonte:http://www.revistaduasrodas.com.br

 

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