A missão era brigar com a Yamaha RD 350LC. E o resultado foi a criação de uma das nacionais mais belas já produzidas
Texto: Marcelo Assumpção fotos: Caio Mattos
Não era mera maquiagem de uma CB 450. A CBR era de fato uma nova moto
desde o chassi, com vigas de seção retangular prateadas como nas
esportivas japonesas, só que reproduzidas em aço. As rodas de liga leve
de 17 polegadas com pneus de perfil baixo conferiam uma agilidade que a
CB nunca teria, até porque todas as suas medidas eram menores. Já os
freios com discos ventilados e de maior diâmetro também tinham pinças
mais modernas, que garantiam reduções eficientes, enquanto o amortecedor
traseiro único assegurava precisão nas curvas.
Sobrava conjunto para o motor da CB, que no novo modelo roncava
diferente pela ponteira única e havia passado por modificações no
cabeçote, comando de válvulas e carburador a vácuo. Com ajuda de uma
nova caixa de ar e seu sistema de captação mais eficiente, o resultado
foi a elevação da potência de 43,3 cv para 46,5 cv às mesmas 8.500 rpm e
queda do torque de 4,3 kgf.m a 6.500 rpm para 4,2 kgf.m a 7.000 rpm,
permitindo à CBR atingir 100 km/h em 6s6 e alcançar 175 km/h.
Quem montava no banco notava o tanque de encaixe anatômico para as
pernas, a tampa embutida, semi-guidões mais baixos e um inédito painel
de três mostradores redondos com o conta-giros central. Nada que se
produzia no Brasil daquela época parecia tão sexy e contemporâneo.
Contra a maré
Se por um lado o motor da CB não foi um avanço tecnológico e seguia
manso quando comparado ao da RD, isso faria da CBR uma moto acessível a
mais motociclistas. Não era preciso domar as manhas do motor 2 tempos,
nem conviver com a fumaça do óleo queimado em mistura com a gasolina. A
surpresa foi o anúncio do preço que chegava ao dobro do modelo da
Yamaha. A esta altura a receita da Honda poderia soar natimorta, mas o
fato é que desde o começo diminuiu as vendas da RD e se manteve à frente
até a saída de linha da concorrente, em 1993.
O período de abertura das importações foi um choque principalmente para
os modelos nacionais de maior cilindrada, que estavam tecnologicamente
defasados diante das importadas. Não foi diferente com a CBR, que
resistiu até o começo de 1995 basicamente através de alterações em cores
e grafismos.
Fonte: www.revistaduasrodas.com.br