Lançado no país no fim da década de 1980, modelo conquistou os brasileiros que se identificavam com o tema aventura
Texto: Marcelo Assumpção fotos: Mario Villaescusa
A primeira monocilíndrica de quatro tempos da Yamaha foi apresentada em
1975 como TT 500, ainda sem sistema de iluminação, e foi seguida pela
versão de rua XT 500 em 1976. É considerada por muitos a pioneira das
big trail e consagrou a marca ao conquistar os dois primeiros lugares no
rali Dakar inaugural, de 1979, e as quatro primeiras posições em 1980. A
década começava com uma nova fase para a Yamaha, arrebatando uma legião
de fãs que praticava esportes off-road ou simplesmente se identificava
com o estilo aventureiro e admirava os pilotos que enfrentavam o
grandioso deserto africano.
Quando lançou a 600 com um novo pacote de evoluções técnicas, incluindo
freio a disco e o motor que atingia 42 cv e passava dos 5 kgf.m de
torque, a marca decidiu que era o momento de criar uma segunda versão da
XT. A estética remetendo às motos do Dakar e o tanque para
impressionantes 30 litros caracterizavam a primeira XT 600Z Ténéré (nome
da região Sul do Sahara).
A versão Ténéré foi lançada no Brasil em 1988, já com tanque de 23
litros por causa da instalação do filtro de ar sob o reservatório para
evitar a entrada de água na travessia de áreas alagadas. O formato com
parte central elevada por causa do filtro e laterais que descem
abraçando o motor praticamente dividia o tanque ao meio e exigiu a
instalação de duas torneiras para acesso a todo o volume de gasolina.
O Brasil estava dois anos defasado desde o lançamento do modelo, que
originalmente era de 1986 na Europa e lá mudou novamente em 1988. A
atualização chegou ao país no começo de 1990 com a carenagem frontal
fixa e dois faróis redondos, além do painel maior de dois mostradores
circulares. Os benefícios do novo modelo se estendiam ao tanque maior,
passando a 24 litros, radiador de óleo triplicado para aumentar a
capacidade de refrigeração do motor e relação de transmissão alongada,
melhorando o uso na estrada. A Ténéré brasileira só ficou atrás nos
freios, porque a estrangeira ganhou disco traseiro quando foi atualizada
e a nacional manteve o tambor.
O modelo continuaria em produção até 1993, paralelamente às vendas da
XTZ 750 Super Ténéré importada, até a substituição pela XT 600E, que
resgatava a fórmula de para-lama alto, tanque esguio (14 litros) e farol
que se move com o guidão, sem carenagem. A versão Ténéré da Yamaha XT
só voltaria a existir quase duas décadas depois.