Honda NC 750X |
Carlos Bazela
O termo crossover já é velho conhecido
dos fãs de automóveis. Em essência, ele serve para descrever um modelo
que mistura dois estilos diferentes. No caso dos carros, crossover
costuma definir um veículo com o conforto e a dirigibilidade de um sedã
embrulhado na carroceria de um SUV. Entretanto, o conceito já não se
limita mais aos veículos de quatro rodas e é apontado como a nova
tendência dos fabricantes de motos.
“A crossover faz uma junção entre as
trail, as motos de uso misto, e as street esportivas”, comenta Alfredo
Guedes Junior, engenheiro da Honda. A marca japonesa, aliás, iniciou
recentemente no Brasil a produção da NC 750X, evolução da moto
apresentada em 2012 como o primeiro modelo assumidamente crossover do
País. Segundo ele, a “mistura” integra o melhor das nakeds esportivas
com os modelos de orientação Off Road.
No caso, ficaram as suspensões de curso
mais longo das trails e somam-se itens para deixar a moto mais
utilizável em condições cotidianas. “Aspectos como a postura de
pilotagem e as rodas de aro 17, como as da CB 650F, por exemplo,
deixaram o modelo ágil no asfalto”, explica Guedes.
Transformação das big-trails
Salvo algumas exceções, robustez para transpassar obstáculos, cruzar rios e se aventurar por pedras já não são mais o principal motivo de quem compra uma big-trail. Conforto agora é o mais importante. “Nós focamos em construir uma moto com o desempenho de um modelo de grande capacidade cúbica, mas no qual o piloto pudesse aproveitar uma pilotagem confortável e com grande maneabilidade”, comentou Tomohira Ichimaru, chefe do projeto que criou a nova Suzuki V-Strom 1000, apresentada em 2012 e já à venda no Brasil.
Na Triumph, essa “transformação” começou
mais cedo. A Tiger 1050, por exemplo, passou de uma aventureira com
rodas raiadas de 19’’ em 2004 para uma moto on-road com pneus aro 17’’
em 2007. Embora a reformulação da família em 2010 tenha dado foco para a
aventura nos modelos de 800 e 1200 cc e tirado a Tiger 1050 de cena,
ela não permaneceu fora por muito tempo. Um ano depois, a moto ressurgiu
com o nome Tiger Sport e as mesmas características visuais. Mas, além
do motor tricilíndrico de 1050 cc, incorporou o monobraço traseiro da
naked Speed Triple, abraçando de vez a mistura de estilos que
caracteriza as motos crossover.
“Existe uma procura grande pela Explorer
1.200cc, mas a Tiger 1050 era muito solicitada. É uma moto para longas
viagens no asfalto, na qual foi feito um grande trabalho na questão do
conforto e do desempenho”, comenta Claudio Peruche, gerente de Pós-Venda
da subsidiária brasileira da Triumph. “Além de ser mais uma opção
disponível para o consumidor, ela tem um bom posicionamento de preço”,
completa ele. Vendida aqui por R$ 45.990, a moto posiciona-se entre os
modelos de 800 e 1200 cc da família Tiger.
Tendência mundial
Posicionar uma crossover como produto central de uma linha também foi a estratégia da BMW com a S 1000 XR. Estreante no mercado europeu – e confirmada para chegar ao Brasil no segundo semestre desse ano – a moto custa 16.200 euros (cerca de R$ 50.000). O valor é mais do que os 13.200 euros cobrados pela naked, porém menos do que os 17.900 pedidos pela superesportiva S 1000 RR no Velho Mundo.
A BMW, aliás, não foi a única marca que
resolveu embarcar no segmento recentemente. No mesmo Salão de Milão
2014, a Yamaha revelou a MT-09 Tracer. Com visual esportivo e também
investindo na proposta de conforto para viagens longas, a moto é feita
sobre a mesma base da naked MT-09, com a qual partilha também o
propulsor tricilíndrico de 847 cm³.
Na batalha das crossovers, quem está
ganhando, pelo menos em quantidade, é a Honda. Entre o lançamento da NC
700X e sua evolução, a marca inseriu outros dois modelos com essa
proposta: a CB 500X, cujo visual é semelhante ao da NC, mas com
capacidade cúbica menor, e a versão reestilizada da VFR 800X
Crossrunner, que traz motor de quatro cilindros em “V” e diversos itens
eletrônicos, como controle de tração. Sempre defendendo a versatilidade
dos modelos e o apreço do motociclista moderno pelo asfalto como
justificativas para apostar alto no segmento.
Para Alfredo Guedes Junior, a demanda
pelas crossovers aumentou por conta do momento que o motociclismo vive
no mundo todo. “O planeta está partindo para coisas mais racionais e
versáteis”, explica. Todavia, vale lembrar que as big-trails aptas para
sair do asfalto não estão ameaçadas de extinção. Afinal, modelos como a
BMW R 1200 GS Adventure e a própria Honda XL 700V Transalp têm seu
público fiel.
“A Transalp, por exemplo, tem DNA mais
aventureiro. Quem tem uma, às vezes, até prefere utilizar o carro no
dia-a-dia e tem a moto para o lazer aos finais de semana”, finaliza o
engenheiro da marca japonesa.
Fonte:Equipe MOTO.com.br
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