Carlos Bazela
“A Yamaha está desafiando o futuro”. Foi
com essa enfática frase que Hiroyuki Yanagi, presidente e CEO Global da
Yamaha, apresentou a nova geração da superesportiva YZF-R1 durante o
Salão de Motos de Milão 2014. E a empolgação não era para menos. Em seus
17 anos de existência, a R1 mudou algumas vezes, é verdade, mas nada
tão radical como nesta R1 2015. O modelo, que chega agora aos mercados
europeu e norte-americano, totalmente renovado por fora e moderna como
nunca por dentro, para mostrar que, cada vez mais potência, tecnologia e
estilo andam de mãos dadas.
No design, a YZF-R1 abandonou pela
primeira vez o visual criado há quase duas décadas, caracterizado pelo
grande conjunto óptico duplo. Tantas mudanças no aspecto da moto são
explicadas pela orientação do projeto. De acordo com a Yamaha, ao
desenvolver a nova R1, a equipe foi encorajada a criar uma
superesportiva do zero, não apenas planejar mudanças para atualizar a
moto que já existia. E foi o que aconteceu.
As linhas agora são herdadas diretamente
da YZR-M1, protótipo que compete na MotoGP, e deixaram a superbike com
aspecto futurista. Proposta reforçada tanto pelos cortes laterais da
carenagem, quanto nos discretos faróis de LED que fazem a iluminação
diurna e ficam encrustados na dianteira. A iluminação principal agora é
feita por dois canhões de luz acima da roda dianteira.
A rabeta recebeu linhas mais leves,
compostas por dois painéis vazados, que convergem em uma estrutura
central. Esta, abriga a lanterna, uma faixa vertical em LED. O design do
subquadro ficou mais aerodinâmico agora que ele não carrega mais os
dois escapamentos. Da mesma forma que acontecia em sua primeira geração,
R1 volta a ter seus quatros cilindros convergindo em um cano do lado
direito. O escape tem design poligonal e está posicionado bem rente à
moto, para não atrapalhar a inclinação nas curvas.
Novo motor crossplane
A YZF-R1 não mudou apenas por fora. A Yamaha desenvolveu um novo motor mais compacto e que fosse capaz de oferecer mais potência e menos peso. Desta forma, o novo quatro cilindros em linha de refrigeração líquida e 998 cm³ de capacidade é mais compacto e composto por diversas peças feitas em carbono e titânio. Um novo virabrequim crossplane também foi incorporado. O eixo continua acionando os pistões com intervalos de 90º e agora oferece torque de forma mais linear para que o piloto aproveite mais o desempenho que a superbike oferece.
Outras alterações foram feitas para
otimizar a mistura do ar com o combustível, criando uma taxa de
compressão de 13:0:1. O resultado são 200 cv de potência máxima a 13.500
rpm e atingidos sem o auxílio de nenhum sistema de indução de ar
pressurizado (RAM-Air), o que é frisado pela Yamaha. Já o torque é de
11,5 kgf.m a 11.500 giros.
A moto ainda traz tanque com capacidade
para 17 litros e câmbio de seis velocidades com embreagem deslizante. O
conjunto é assistido eletronicamente pelo sistema quickshift. (QSS). A
ajuda consiste em um sensor posicionado na alavanca de câmbio, que
percebe quando o piloto está subindo as marchas e manda a informação
para a ECU. Esta, por sua vez, corta a tração na velocidade engrenada
para uma mudança mais suave.
Peso e potência equilibrados
Uma das principais características da R1 é sua boa relação entre peso e potência, traço melhorado na nova geração, que tem peso de 199 kg em ordem de marcha. Segundo a marca dos três diapasões, isso foi conseguido ao redesenhar o quadro Deltabox de alumínio de forma assimétrica e reempregando um o novo subquadro feito em magnésio.
No quesito suspensão, tanto o garfo
dianteiro invertido quanto a balança monoamortecida com link têm curso
de 120 mm. Para segurar seus 200 cv, a moto conta com dois discos
dianteiros de 320 mm de diâmetro e um de 220 na traseira. Aqui, a
novidade é o auxílio do ABS com sistema de frenagem unificado, que
distribui eletronicamente a força nas duas rodas.
A nova YZF-R1 também está mais curta e
estreita. O comprimento passou de 2.070 mm para 2.055 mm, enquanto a
largura foi reduzida de 715 mm para 690 mm. Embora seja pouco em
números, as alterações são enfatizadas pelo design compacto da moto. A
altura do assento, no entanto, aumentou 20 mm e o piloto agora fica
acomodado a 855 mm do solo.
Superbike inteligente
O cardápio eletrônico incorporado na R1 é um dos mais completos da
atualidade, se não for o maior deles. A moto está equipada com quatro
modos de entrega de potência, controle de tração (TCS) ajustável em nove
níveis, controle de wheeling (LIF), regulável em três; e de largada
(LCS), que reduz o giro do motor abaixo dos 10.000 rpm na hora de sair
com a moto, mesmo o piloto girando ao máximo o acelerador. Além dos
freios ABS unificados e do câmbio eletronicamente assistido (QSS). Há
também os quatro modos de pilotagem (YRC), que colocam todos os
controles em parâmetros pré-estabelecidos para facilitar a vida do
piloto.
Para controlar tudo isso, a Unidade
Central Eletrônica (ECU) deixa de estar focada em tarefas “simples” como
controlar o funcionamento da injeção de combustível e da abertura das
válvulas, por exemplo, para agir como um verdadeiro cérebro eletrônico
da moto. A ECU agora toma decisões com base nos dados enviados por outra
sigla: IMU, Unidade de Medição Eletrônica, em inglês. Com poder de
processamento de 32 bits (o mesmo de um videogame PlayStation 1, para se
ter uma ideia), o equipamento monitora constantemente a posição e o
comportamento da moto. Assim os sistemas eletrônicos podem ser ajustados
para otimizar o desempenho, mas sem esquecer da segurança do piloto.
De acordo com a Yamaha, a IMU fornece um
panorama da moto em 3D, uma vez que as leituras são feitas em seis
eixos, que correspondem às posições que ela pode estar: inclinada para
direita, para esquerda, para cima (wheeling), para baixo (fim de curso
do garfo em uma frenagem), além da aceleração e redução da velocidade.
Tudo isso significa que, cada vez que o piloto escolhe uma configuração,
por meios dos manetes e do novo painel totalmente digital, a moto
levará em conta as medições da IMU para executá-la da melhor forma. O
controle de tração, por exemplo, não irá apenas se ater à perda de
aderência da roda traseira para atuar, mas irá também agir com base no
ângulo de inclinação da moto. E assim por diante.
Disponível na Europa e nos Estados
Unidos, nas cores azul e vermelha, a moto parte de US$ 16.490 no mercado
norte-americano, o que corresponde a cerca de R$ 53.000. No Brasil,
entretanto, onde ainda não há uma previsão para que ela chegue, o preço
deverá ser bem maior, uma vez que a atual geração da superbike – sem
toda essa eletrônica – já é vendida por R$ 65.500.
Mais eletrônica, mais exclusiva e mais um “M”
Para mostrar o quanto a nova geração da R1 é importante para a Yamaha, a marca dos três diapasões não deixou por menos e lançou também uma edição limitada da superesportiva. Batizada de R1M, em clara referência ao modelo da MotoGP, a superbike vem na cor prateada e traz itens focados no desempenho nas pista, como diversas peças em fibra de carbono.
A moto também traz mais tecnologia ao já
extenso pacote. Além do conjunto de suspensões Öhlins, que pode ser
ajustado eletronicamente, a moto ainda traz a Unidade de Comunicação e
Controle (CCU) instalada na rabeta. O sistema atua em conjunto com um
GPS e se comunica com um aplicativo para Android. O “app” armazena dados
da pilotagem, como tempo de volta e ângulo de inclinação e ainda
permite que o piloto faça alterações nos controles eletrônicos da moto à
distância. Tudo isso, claro, tem um custo, que no caso da YZF-R1M é de
US$ 21.990, o que corresponde a mais de R$ 70.000.
- Confira o vídeo de apresentação da Yamaha YZF-R1
Fonte:http://www.moto.com.br