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quinta-feira, 12 de março de 2015

Teste: Harley-Davidson Low Rider

Novidade da linha 2015 que reedita um modelo de sucesso da década de 1970

Texto: Ismael Baubeta fotos: Mario Villaescusa

Depois da Sportster, o próximo passo na teoria evolutiva do “harleiro” é a família Dyna. Mais desempenho, conforto e status são os predicados para os aficionados pela marca que, depois de acostumados e seduzidos por modelos de entrada, decidem dar esse passo adiante. Da Harley mais barata, a 883, para a nova Dyna Low Rider, novidade da linha 2015, a diferença é de R$ 12.500. Parece muito, mas os ganhos em desempenho e conforto fazem valer cada centavo pago a mais.

A Low Rider reedita um sucesso do fim dos anos 1970, com design muito parecido, inclusive nas opções de cores e adesivos de tanque. O nome vem do assento baixo em comparação ao da Super Glide na época do lançamento original, característica mantida com seus 680 mm atuais que facilitam o acesso a qualquer piloto (a Super Glide saiu de linha, mas para comparação o banco da 883 está a 735 mm do chão). Este banco é mais largo e confortável inclusive na garupa, onde é quase plano, enquanto o da Sportster acompanha a inclinação do para-lama para trás. Outras mudanças para quem vem de uma 883 ou 1200 são o guidão elevado, as pedaleiras à frente e as bengalas com maior ângulo, que alonga o entreeixos e amplia a estabilidade na estrada. Claro, perde-se na agilidade das manobras contra a família urbana de entrada.

O pessoal da engenharia inovou e modernizou muita coisa em relação à antiga Low Rider, como o painel que tem dois mostradores redondos sobre o tanque. O de cima é o velocímetro com um pequeno display digital como na maioria dos modelos da marca – onde se alternam hodômetros, autonomia do tanque, marcha engatada e relógio –, enquanto o mostrador de baixo é um conta-giros analógico. É preciso se acostumar ao efeito estético da solução (até agora não sei se gosto dela) e baixar a cabeça para ler os instrumentos, algo incômodo. No lugar onde está o conta-giros costuma ficar a chave de ignição das outras Harley, que na Low Rider passou à lateral esquerda.



Alta e baixa

Basta sentar-se nela para sentir outra característica marcante, o contraste do banco baixo com o guidão alto. Para mim, com 1,80m de altura, a posição mais confortável foi deixar as costas curvadas à frente, do contrário, os braços mais estendidos dificultariam a pilotagem. Condutores de menor estatura contam com duas alternativas de ajuste que facilitarão sua vida: o guidão pode ser aproximado aumentando a inclinação horizontal e o banco vem com um apoio lombar destacável, que aproxima o condutor, e foi retirado para a pilotagem durante a sessão de fotos. A posição das pedaleiras está na medida, não muito adiantada, o que alia boa tocada e conforto. O passageiro nesta Dyna tem um pouco mais de espuma para aproveitar a viagem, mas se for uma mulher bem servida de ancas ainda será estreito.

Em marcha a Low Rider é prazerosa, o motor de 2 cilindros em V desloca 1.584cc entregando torque abundante. Uma curiosidade é o “piloto automático” manual, um dispositivo mecânico tal qual um parafuso que tem a mesma função dos eletrônicos, manter a posição do acelerador, só que neste caso a velocidade varia conforme a topografia. Faltou o botão de ejeção para caso de emergência, já que é impossível soltar o parafuso antes de encontrar um obstáculo.

O longo entreeixos e o ângulo aberto da direção fazem da Dyna uma moto pesada para andar serpenteando entre carros, embora em movimento não seja preciso se esforçar para colocá-la no rumo desejado. Os bons pneus Michelin garantem ângulos de inclinação audaciosos para uma motocicleta custom, raspam-se as pedaleiras, elas vão se recolhendo e o limite para deitá-la cresce. As suspensões transmitem boa parte das variações do piso para costas e braços, e em caso de pavimento ruim é preciso se preparar para receber a pancada nos amortecedores traseiros.

Uma grande virtude desta Dyna Low Rider em comparação às Sportster é o sistema de freio com dois discos na dianteira e ABS mais moderno. Mesmo a Low sendo 40 kg mais pesada que a 883, a capacidade de frenagem é muito maior. Sem dúvida é uma ótima promoção para o motociclista que sai da linha de entrada da Harley, mas também uma feliz ideia para aquele que não pretende fazer quilometragem dentro da cidade e quer pular a primeira parte da cadeia evolutiva.

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