Novidade da linha 2015 que reedita um modelo de sucesso da década de 1970
Texto: Ismael Baubeta fotos: Mario Villaescusa
Depois da Sportster, o próximo passo na teoria evolutiva do “harleiro” é
a família Dyna. Mais desempenho, conforto e status são os predicados
para os aficionados pela marca que, depois de acostumados e seduzidos
por modelos de entrada, decidem dar esse passo adiante. Da Harley mais
barata, a 883, para a nova Dyna Low Rider, novidade da linha 2015, a
diferença é de R$ 12.500. Parece muito, mas os ganhos em desempenho e
conforto fazem valer cada centavo pago a mais.
A Low Rider reedita um sucesso do fim dos anos 1970, com design muito
parecido, inclusive nas opções de cores e adesivos de tanque. O nome vem
do assento baixo em comparação ao da Super Glide na época do lançamento
original, característica mantida com seus 680 mm atuais que facilitam o
acesso a qualquer piloto (a Super Glide saiu de linha, mas para
comparação o banco da 883 está a 735 mm do chão). Este banco é mais
largo e confortável inclusive na garupa, onde é quase plano, enquanto o
da Sportster acompanha a inclinação do para-lama para trás. Outras
mudanças para quem vem de uma 883 ou 1200 são o guidão elevado, as
pedaleiras à frente e as bengalas com maior ângulo, que alonga o
entreeixos e amplia a estabilidade na estrada. Claro, perde-se na
agilidade das manobras contra a família urbana de entrada.
O pessoal da engenharia inovou e modernizou muita coisa em relação à
antiga Low Rider, como o painel que tem dois mostradores redondos sobre o
tanque. O de cima é o velocímetro com um pequeno display digital como
na maioria dos modelos da marca – onde se alternam hodômetros, autonomia
do tanque, marcha engatada e relógio –, enquanto o mostrador de baixo é
um conta-giros analógico. É preciso se acostumar ao efeito estético da
solução (até agora não sei se gosto dela) e baixar a cabeça para ler os
instrumentos, algo incômodo. No lugar onde está o conta-giros costuma
ficar a chave de ignição das outras Harley, que na Low Rider passou à
lateral esquerda.
Alta e baixa
Basta sentar-se nela para sentir outra característica marcante, o
contraste do banco baixo com o guidão alto. Para mim, com 1,80m de
altura, a posição mais confortável foi deixar as costas curvadas à
frente, do contrário, os braços mais estendidos dificultariam a
pilotagem. Condutores de menor estatura contam com duas alternativas de
ajuste que facilitarão sua vida: o guidão pode ser aproximado aumentando
a inclinação horizontal e o banco vem com um apoio lombar destacável,
que aproxima o condutor, e foi retirado para a pilotagem durante a
sessão de fotos. A posição das pedaleiras está na medida, não muito
adiantada, o que alia boa tocada e conforto. O passageiro nesta Dyna tem
um pouco mais de espuma para aproveitar a viagem, mas se for uma mulher
bem servida de ancas ainda será estreito.
Em marcha a Low Rider é prazerosa, o motor de 2 cilindros em V desloca
1.584cc entregando torque abundante. Uma curiosidade é o “piloto
automático” manual, um dispositivo mecânico tal qual um parafuso que tem
a mesma função dos eletrônicos, manter a posição do acelerador, só que
neste caso a velocidade varia conforme a topografia. Faltou o botão de
ejeção para caso de emergência, já que é impossível soltar o parafuso
antes de encontrar um obstáculo.
O longo entreeixos e o ângulo aberto da direção fazem da Dyna uma moto
pesada para andar serpenteando entre carros, embora em movimento não
seja preciso se esforçar para colocá-la no rumo desejado. Os bons pneus
Michelin garantem ângulos de inclinação audaciosos para uma motocicleta
custom, raspam-se as pedaleiras, elas vão se recolhendo e o limite para
deitá-la cresce. As suspensões transmitem boa parte das variações do
piso para costas e braços, e em caso de pavimento ruim é preciso se
preparar para receber a pancada nos amortecedores traseiros.
Uma grande virtude desta Dyna Low Rider em comparação às Sportster é o
sistema de freio com dois discos na dianteira e ABS mais moderno. Mesmo a
Low sendo 40 kg mais pesada que a 883, a capacidade de frenagem é muito
maior. Sem dúvida é uma ótima promoção para o motociclista que sai da
linha de entrada da Harley, mas também uma feliz ideia para aquele que
não pretende fazer quilometragem dentro da cidade e quer pular a
primeira parte da cadeia evolutiva.