O mundo das superbikes vive dias intensos com as estreias quase
simultâneas da Kawasaki Ninja H2, que trouxe um compressor
mecânico (supercharger), e da nova geração da Yamaha R1, que chegou com
18 cv extras e 7 kg a menos que a antecessora. Mas enquanto esses novos
mísseis não começam a ser vendidos no Brasil, nos resta acompanhar o que
estão falando dessas motos lá fora. Pois coube à revista Bike inglesa
o prazer de compará-las às já estabelecidas BMW S1000 RR
(recém-renovada), Ducati Panigale 1299 S e Honda CBR 1000RR Fireblade. O
resultado está a seguir!
A publicação britânica foi bastante criteriosa para o comparativo.
Além dos testes tradicionais de aceleração, retomada e frenagem, também
fizeram tempo de volta, velocidade máxima no fim da reta do circuito,
velocidade na última curva antes da reta, força G máxima de frenagem e
ainda mediram o ângulo máximo de inclinação das motos.
Começando pela Fireblade (180,8 cv/11,6 kgfm e 191 kg),
os caras da Bike se disseram apaixonados por ela em uma avaliação
separada. “Ela é rápida, tem a suspensão perfeitamente balanceada e a
qualidade de construção das melhores”. Mas o fato é que a CBR 1000RR é
essencialmente a mesma moto desde seu lançamento, em 2008, e de lá para
cá o mundo girou. “Depois de andar na H2, a Honda ficou lenta, parece
uma bicicleta elétrica”, brincou um dos avaliadores. Com 42,2 graus de
ângulo máximo de inclinação e velocidade de 204,5 km/h na reta mais
longa do circuito, a Fireblade fechou a volta com 1 min 19,07 segundos.
Passando para a Panigale com seu motorzão V-Twin de 1280 cc (205 cv/14,7 kgfm e 190,5 kg),
a conclusão foi de que ela é uma bela moto de pista, mas muito nervosa
para a maioria dos mortais. “A potência é selvagem no limite de giros, o
motor é inacreditável”. No entanto, ela tem a suspensão muito rígida
para rodar na rua, bem como a entrega de força exageradamente estúpida
(basta ver o torque). A Ducati mostrou um ângulo de inclinação absurdo
(50,1 graus), mas uma velocidade de “somente” 203,2 km/h no fim da reta,
terminando a volta em 1 min 17,11 segundos.
Com 1 mim 16 segundos cravados, a BMW S1000 RR ficou ainda melhor no modelo 2015 (199 cv/11,5 kgfm e 204 kg).
Ainda mais potência e com geometria de chassi refeita
(mais flexibilidade para melhorar o handling no limite), a máquina alemã
continua um canhão. “O motor é um monstro e a caixa de câmbio é a
melhor de todas”, escreveu a publicação. Também elogiaram a suspensão
eletrônica, a facilidade nas mudanças de direção e a qualidade percebida
da BMW. A RR chegou a impactantes 209,5 km/h de máxima na reta, com
ângulo de inclinação de até 48,9 graus.
Ainda mais veloz que a rival, a nova R1 (200 cv/11,5 kgfm e 199 kg) foi
definida como o “novo benchmark entre as réplicas das motos de
corrida”. Foi dela a maior velocidade de reta (211,4 km/h) e a volta
mais rápida (1 min 15,99 segundos), ainda que praticamente empatada com a
BMW. Em termos de performance de pista, a Yamaha foi considerada a
campeã, por combinar rapidez e uma rodagem de classe mundial, sendo
acessível para meros mortais terem confiança absoluta na pilotagem e se
divertirem à rodo. De acordo com a publicação, a S1000RR ficou perto,
mas não é tão rápida nem tão fácil – seja para experts ou iniciantes.
Por fim, a Ninja H2 (200 cv/13,6 kgfm e 238 kg) foi
definida como fora do comum: “Se você quer rodar com algo especial, a H2
é sua moto. É difícil de pilotar, mas a recompensa é imensa”, escreveu a
Bike. A nova Kawasaki exigiu umas quatro, cinco voltas para que o
piloto começasse a entendê-la melhor. “A conexão com o motor e o
supercharger não é fácil, e nem sempre corresponde ao que você espera
que vai acontecer. O torque entra tão forte e de repente que quase voei
do banco”, surpreendeu-se um dos avaliadores. É tanta força que a H2 faz
curvas como uma moto de cross, com a traseira derrapando num drift
controlado, com direito a muita fumaça subindo! Não é o ideal para
voltas rápidas (ela ficou com 1 min 20,47 segundos) e chegou a
204,5 km/h de máxima na reta (com ângulo de inclinação de 46,3 graus),
mas entrega a experiência mais visceral e absurda de todas.
Então tanto a R1 quanto a H2 parecem ter feito o que se esperava
delas: redefiniram o mundo das superbikes. A Yamaha desbancou a S1000 RR
como melhor moto para track days, enquanto a Kawasaki se tornou a nova
rainha das estradas ao proporcionar uma experiência de condução sem
igual. “Se você vai para a pista, compre a R1. Mas se você quer ter uma
moto especial, quer adrenalina, quer se sentir vivo de verdade, isso
significa que você quer a absurda H2″, concluiu a publicação. Por aqui,
estamos contando os dias para poder pilotá-las!
Fonte: carplace.uol.com.br