A sede do Águias de Aço fica em um bairro afastado do centro, porém guarda um belo acervo
Dois
motivos me fizeram rodar até Belo Horizonte (MG). O primeiro era
conhecer os atrativos históricos, culturais e gastronômicos da capital
mineira (click aqui).
O segundo, visitar um acervo particular de motos, pequeno em
quantidade, porém grandioso por ser “testemunha ocular da história do
Brasil” – como diria o “Repórter Esso”. Os mais experientes vão entender
esta citação!
Há no local, que fica sobre a oficina da família Senra, muitas raridades do “mundo H-D''
Apesar
de 15 modelos, as motos de José Senra Moreira, o Capitão Senra, líder
do motogrupo “Águias de Aço”, guardam em seu DNA momentos marcantes do
País e da própria evolução da Harley. Os exemplares são dignos de
estarem expostos no museu da marca em Milwaukee, Wisconsin (EUA).
Detalhe: todos os modelos estão em perfeito estado de uso e conservação.
Uma delas é a HD Panhead, de 1953, utilizada pelo próprio Capitão Senra em escoltas
Por
isso, conhecer o ninho do “Águias” – motoclube mineiro fundado em 1980
–, é privilégio para poucos. O “comandante” deste grupamento sobre duas
rodas é um ex-militar de 83 anos, que está há 67 na estrada sempre
pilotando motos da grife americana. Pena que o Capitão Senra estava na
“reserva” no dia da visita, cuidando da saúde. Por isso quem nos levou
para esta viagem no tempo foi seu filho Bruno, mecânico e outro
entusiasta pelas motos norte-americanas. Entre milhares de recordações,
lá repousam 13 motos – duas estão na casa da filha –, cinco com placa
preta, ou seja, com mais de 30 anos de fabricação.
Histórica, a H-D da década de 1950 traz emblema comemorativo dos 50 anos da marca
Porém
duas raridades chamam a atenção: uma HD Panhead, de 1953, utilizada
pelo próprio capitão no período no qual serviu no 1º Batalhão de Polícia
do Exército – Rio. O pelotão fazia a escolta do então presidente da
República, Juscelino Kubitschek, na década de 1950. Sob os cuidados do
militar e sua Harley estiveram a rainha da Inglaterra, Elizabeht II e
décadas mais tarde foi a vez dos roqueiros do Creedence. A moto em
questão também é comemorativa. Traz no paralama um emblema com a
inscrição “50 Years – Harley-Davidson – American Made”.
A raríssima Motovi, fabricada em Manaus (AM) na década de 1970, faz parte do acervo
Outro
exemplar raro, talvez o único na América Latina, é uma Motovi Electra
Glide 1200, fabricada em Manaus (AM) em 1977. A Motovi representa o lado
mais triste da história da Harley, na qual a marca passava pela sua
principal crise financeira e chegou a deixar de estampar no tanque de
combustível a sigla “H-D”.
Destaque para três edições comemorativas da linha Harley Touring : 50 anos, 90 anos e 100 anos
O acervo conta até com a réplica em madeira da primeira linha de montagem da Harley-Davidson
Junto
com um vasto acervo motorizado ligado à Harley-Davidson, o local conta
até com um mobiliário especial: mesas e cadeiras que nos remetem as
motos do clássico filme Easy Rider. Estrelado por Peter Fonda, Dennis
Hopper e Jack Nicholson, completou 40 anos em 2009, é um ícone do cinema
mundial. Há até uma réplica da primeira linha de montagem da H-D em
Milwaukee (EUA), com direito a iluminação é uma miniatura da primeira
moto fabricada. Neste universo motociclístico há ainda espaço para
fotos, homenagens e muitas lembranças do tempo do exército.
Cerveja Capitão Senra, homenagem ao motociclista que é referencia entre os amantes da Harley
No
local, que não é aberto para visitação, há também um estoque de cerveja
Capitão Senra, feita pela Backer, uma cervejaria artesanal de Minas,
para homenagear o motociclista mineiro. Mas isso é só para a “diretoria”
dos Águias. (Por Aldo Tizzani e fotos Fred Mancini)
Capitão Senra ao lado da filha durante a festa de 110 anos da Harley em São Paulo