Mc carcarás do ingá

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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A primeira motocicleta clássica a gente nunca esquece












Guilherme Silveira

Motos antigas são paixões ou hobbies: pouco usadas, até por serem mais complicadas de rodar, freiam pior e “torcem” mais em curvas. Em outras palavras, raramente são veículos de uso diário, ainda assim são muito desejadas. Se você está pensando em comprar uma clássica ou começar sua coleção confira algumas dicas. 
 
Qualquer motocicleta beirando os 30 anos de fabricação já tem o seu valor como antiga. Segundo Diego Rosa, colecionador de motos dos anos 1980, “modelos com pouco mais de vinte anos costumam valer a pena por estarem com preços baixos. Assim, pode-se comprar uma boa, deixá-la ótima e, daqui a alguns anos, virar uma clássica de fato, passível de ganhar placa preta”, explica. Um exemplo é a carenada Honda CBR 450 SR de 1987, um modelo que pode ser encontrado em bom estado de conservação por volta de R$ 8.500.
 
O ideal é definir o modelo desejado e “garimpar” bons exemplares. Euller Heringer, colecionador, informa que existem três tipos de antigas: a toda original, que rodou pouquíssimo e é bastante valorizada; a “reformada” que passou por restauração sem critérios, e a moto íntegra e que rodou bastante, a qual pede por uma restauração criteriosa e que tem baixo valor no mercado. 

Quem tem conhecimentos de mecânica e facilidade em conseguir peças, um modelo íntegro em detalhes e preço acessível é uma ótima pedida. Os mais imediatistas, ou que não gostam de mecânica e procurar peças, devem optar por um exemplar restaurado ou com placa preta. 

O modelo ideal
 
Após definir a moto, vale pesquisar sobre o modelo antes de sair à caça, para não levar gato por lebre. Diego informa que propagandas de época, revistas e fotos da moto em seu lançamento ajudam a ter uma noção de como deve ser a moto e suas peças originais. Componentes, como painel, farol, guidão e escapamento são interessantes quando “de fábrica”. E há cores que valem mais, como o amarelo diante do branco (CG 125, por exemplo). “Muitas vezes é melhor comprar uma moto com a pintura original, queimada, do que um tanque brilhando e recém-pintado em um tom diferente do original”, informa Diego Rosa. 

Há também motos que são pouco valorizadas no mercado, a exemplo das CB 450, bicilíndricas lançadas em 1983 que podem ser encontradas por preços pouco maiores (ou similares) aos das primeiras CG – por pouco mais de R$ 6.000. Segundo Rosa, as marcas Honda e Yamaha são as ideais para quem está começando uma coleção: “em concessionárias mais tradicionais ainda existem peças originais”, relata. 

Fazendo as contas
 
Rosa conta que as trails nacionais da Honda (XL 250 R e XLX 350 R) estão cada vez mais difíceis de achar e, por conta disso, têm preços altos quando em bom estado. “Deve-se colocar o preço e o estado da moto na balança. Há pouco tempo achei uma 250 R bonita nas fotos, mas restaurada sem critérios e com peças que não eram dela, por quase R$ 10 mil. Em outro site, encontrei o mesmo modelo com 3.000 km, zerado, ao valor de R$ 15 mil. Ou seja, às vezes vale pagar mais, pois dependendo do estado, não compensa restaurar”. 

Heringer complementa que motos mais descaracterizadas podem servir de base para uma cafe racer. “As cafe estão na moda, então vale a pena investir em motos com estado razoável, faltando detalhes e peças difíceis de achar, para montar uma customizada”, completa. 

Quatro cilindros
 
O entusiasta que deseja uma moto maior como a Honda 750 de quatro cilindros (as CB Four dos anos 1970), deve preparar o bolso. Euller elucida que “elas partem de R$ 20 mil e pedem mão-de-obra especializada”. Da mesma forma, as Vespas são motonetas charmosas que atraem muitos motociclistas, mas também têm peças difíceis de encontrar e caras. 

Em suma: o ideal é começar por baixo, tomar gosto pela coisa, e daí em diante, ter o bolso como limite para as paixões sobre rodas. Normalmente, moto antiga não dá lucro. Mas é um hobby que, tomadas as precauções básicas, dificilmente se perde dinheiro com ele. 

Dicas para comprar bem
 
Ao conferir a moto ao vivo, o ideal é saber os detalhes e problemas crônicos do modelo e, se possível, ir acompanhado de um mecânico ou um amigo que entenda do assunto. 

Os documentos exigem muita atenção assim como a numeração do motor e chassi. Mais importante do que quilometragem é o estado geral do conjunto mecânico e ciclístico, além de detalhes como adesivos e selos. Procure obter um histórico da moto, como donos anteriores, manual ou notas de serviço e manutenção. 

Nos encontros de veículos antigos é possível conversar e entender mais sobre o modelo desejado. É a chance de comparar o estado das motos, comparar preços e saber curiosidades.

Placa preta
 
A placa preta é um atestado de originalidade que certifica o veículo como de coleção. Para obtê-la é preciso se afiliar a um clube de antigos – normalmente carros – e ser avaliado em um exame feito por um perito. A moto deverá ter nota superior a 80 pontos (ou pelo menos 80% de sua originalidade, nota que é somada ao estado de conservação). 

Se a moto for aprovada é possível dar entrada na mudança no documento junto ao Detran. O processo custa entre R$ 800 e R$ 1.100, dependendo do clube ou despachante, e pode sair mais em conta se for feito diretamente pelo dono junto do seu Detran. Além do charme da placa escura, a moto terá maior liquidez e valor mais sólido no mercado. 

Agradecimento:
motosclassicas80.com.br
 
 






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