Guilherme Silveira
Motos antigas são paixões ou hobbies:
pouco usadas, até por serem mais complicadas de rodar, freiam pior e
“torcem” mais em curvas. Em outras palavras, raramente são veículos de
uso diário, ainda assim são muito desejadas. Se você está pensando em
comprar uma clássica ou começar sua coleção confira algumas dicas.
Qualquer motocicleta beirando os 30 anos
de fabricação já tem o seu valor como antiga. Segundo Diego Rosa,
colecionador de motos dos anos 1980, “modelos com pouco mais de vinte
anos costumam valer a pena por estarem com preços baixos. Assim, pode-se
comprar uma boa, deixá-la ótima e, daqui a alguns anos, virar uma
clássica de fato, passível de ganhar placa preta”, explica. Um exemplo é
a carenada Honda CBR 450 SR de 1987, um modelo que pode ser encontrado
em bom estado de conservação por volta de R$ 8.500.
O ideal é definir o modelo desejado e
“garimpar” bons exemplares. Euller Heringer, colecionador, informa que
existem três tipos de antigas: a toda original, que rodou pouquíssimo e é
bastante valorizada; a “reformada” que passou por restauração sem
critérios, e a moto íntegra e que rodou bastante, a qual pede por uma
restauração criteriosa e que tem baixo valor no mercado.
Quem tem conhecimentos de mecânica e
facilidade em conseguir peças, um modelo íntegro em detalhes e preço
acessível é uma ótima pedida. Os mais imediatistas, ou que não gostam de
mecânica e procurar peças, devem optar por um exemplar restaurado ou
com placa preta.
O modelo ideal
Após
definir a moto, vale pesquisar sobre o modelo antes de sair à caça,
para não levar gato por lebre. Diego informa que propagandas de época,
revistas e fotos da moto em seu lançamento ajudam a ter uma noção de
como deve ser a moto e suas peças originais. Componentes, como painel,
farol, guidão e escapamento são interessantes quando “de fábrica”. E há
cores que valem mais, como o amarelo diante do branco (CG 125, por
exemplo). “Muitas vezes é melhor comprar uma moto com a pintura
original, queimada, do que um tanque brilhando e recém-pintado em um tom
diferente do original”, informa Diego Rosa.
Há também motos que são pouco
valorizadas no mercado, a exemplo das CB 450, bicilíndricas lançadas em
1983 que podem ser encontradas por preços pouco maiores (ou similares)
aos das primeiras CG – por pouco mais de R$ 6.000. Segundo Rosa, as
marcas Honda e Yamaha são as ideais para quem está começando uma
coleção: “em concessionárias mais tradicionais ainda existem peças
originais”, relata.
Fazendo as contas
Rosa conta que as trails nacionais da Honda (XL 250 R e XLX 350 R) estão
cada vez mais difíceis de achar e, por conta disso, têm preços altos
quando em bom estado. “Deve-se colocar o preço e o estado da moto na
balança. Há pouco tempo achei uma 250 R bonita nas fotos, mas restaurada
sem critérios e com peças que não eram dela, por quase R$ 10 mil. Em
outro site, encontrei o mesmo modelo com 3.000 km, zerado, ao valor de
R$ 15 mil. Ou seja, às vezes vale pagar mais, pois dependendo do estado,
não compensa restaurar”.
Heringer complementa que motos mais
descaracterizadas podem servir de base para uma cafe racer. “As cafe
estão na moda, então vale a pena investir em motos com estado razoável,
faltando detalhes e peças difíceis de achar, para montar uma
customizada”, completa.
Quatro cilindros
O
entusiasta que deseja uma moto maior como a Honda 750 de quatro
cilindros (as CB Four dos anos 1970), deve preparar o bolso. Euller
elucida que “elas partem de R$ 20 mil e pedem mão-de-obra
especializada”. Da mesma forma, as Vespas são motonetas charmosas que
atraem muitos motociclistas, mas também têm peças difíceis de encontrar e
caras.
Em suma: o ideal é começar por baixo,
tomar gosto pela coisa, e daí em diante, ter o bolso como limite para as
paixões sobre rodas. Normalmente, moto antiga não dá lucro. Mas é um
hobby que, tomadas as precauções básicas, dificilmente se perde dinheiro
com ele.
Dicas para comprar bem
Ao conferir a moto ao vivo, o ideal é saber os detalhes e problemas
crônicos do modelo e, se possível, ir acompanhado de um mecânico ou um
amigo que entenda do assunto.
Os documentos exigem muita atenção assim
como a numeração do motor e chassi. Mais importante do que
quilometragem é o estado geral do conjunto mecânico e ciclístico, além
de detalhes como adesivos e selos. Procure obter um histórico da moto,
como donos anteriores, manual ou notas de serviço e manutenção.
Nos encontros de veículos antigos é
possível conversar e entender mais sobre o modelo desejado. É a chance
de comparar o estado das motos, comparar preços e saber curiosidades.
Placa preta
A placa
preta é um atestado de originalidade que certifica o veículo como de
coleção. Para obtê-la é preciso se afiliar a um clube de antigos –
normalmente carros – e ser avaliado em um exame feito por um perito. A
moto deverá ter nota superior a 80 pontos (ou pelo menos 80% de sua
originalidade, nota que é somada ao estado de conservação).
Se a moto for aprovada é possível dar
entrada na mudança no documento junto ao Detran. O processo custa entre
R$ 800 e R$ 1.100, dependendo do clube ou despachante, e pode sair mais
em conta se for feito diretamente pelo dono junto do seu Detran. Além do
charme da placa escura, a moto terá maior liquidez e valor mais sólido
no mercado.
Agradecimento:
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Fonte: www.moto.com.br