Arthur Caldeira/Infomoto
Pequeno ou grande, grupo de motociclistas viaja melhor seguindo alguns passos |
Em uma viagem em grupo existem dois tipos de motociclistas:
estradeiros e aventureiros. Os primeiros, na maioria das vezes, usam
motos de alta cilindrada (custom, naked ou carenadas esportivas) e
querem usufruir as boas estradas e curtir a paisagem. A segunda turma
prefere os modelos da categoria bigtrail, aquelas motos que podem
enfrentar qualquer tipo de terreno.
Nos dois casos, companheirismo e preocupação com o colega são fundamentais -- a ideia é que todos rodem no mesmo ritmo e na mesma velocidade. Rodar ao lado de outras motocicletas requer conhecimento, habilidade e respeito. Conheça regras de segurança e dicas para um bom divertimento e boa viagem!
Reunir as pessoas antes da viagem e traçar uma rota, paradas para
abastecimento ou até mesmo locais de hospedagem é uma forma saudável de
entrosar o grupo. Outra definição importante é saber quem será o líder e
quem deverá fechar o pelotão. Ambos devem ser experientes.
É importante que pelo menos um membro do grupo esteja equipado com
celular, rádio e kits de ferramenta (daquele compacto, para reparos
básicos) e de primeiros-socorros. Isso deixará o grupo preparado para
qualquer imprevisto.
O briefing inicial é muito importante. É a hora de expor os detalhes e o
que fazer durante o percurso. É a hora do organizador transmitir
confiança e mostrar ao grupo que é capaz de resolver as coisas. Ele deve
agir com lucidez e firmeza. Se uma moto apresentar problema, apenas o
motociclista que está vindo de trás (ou outro que for escolhido para
fazer isso) deve parar para ajudar. "Nunca pare no acostamento. Tente
chegar a uma área de escape ou posto de gasolina. Em caso de problemas
médicos ou socorro mecânico, vale usar o celular mesmo", adverte Antônio
Pimenta, da PHD Pimenta, motociclista há 30 anos.
Acompanhe a sinalização do líder e pilote sempre mantendo distância da
moto à frente. Rodando em posição alternada é possível ver o que
acontece e ter tempo e espaço para uma manobra evasiva ou emergencial.
Em estradas de curva ou situações de baixa visibilidade ou asfalto sem
condição adequada, o ideal é rodar em fila única. Nunca fique lado a
lado -- além de passível de multa, há risco de acidente caso haja
movimentos bruscos. Procure tomar cuidado dos colegas: se algum
deles sumir do retroviso, isso pode ser um sinal de problemas... ou de
que você está indo rápido demais. Por outro lado, se você ficar para
trás e se distanciar, não entre em pânico: é provável que eles tem
esperem na próxima parada.
Roteirizar o percurso é fundamental. "O indicado é fazer uma parada de
cerca de meia hora a cada 200 quilômetros. Servirá para abastecer, ir ao
banheiro e fazer um lanche. Uma refeição mais completa deve ser feita
apenas no destino final. Pilotar com a 'barriga cheia' dá sono", explica
Pimenta. Junto com sua esposa, Ana Pimenta, da Let´s Ride, eles
organizam passeios pela Europa e Estados Unidos.
O piloto João Tagino, de 46 anos, já participou de diversas provas de
rali, como o Rally dos Sertões e até mesmo o Dakar. Em janeiro de 2012,
ele fez uma viagem em grupo com amigos e se apaixonou pela função de
"guia" (o líder). Como mora na região Norte, próximo ao Peru, ele passou
a organizar viagens a Machu Picchu e outros destinos da América do Sul.
Hoje tem uma empresa, a Tagino Adventure, que já percorreu 13 países e
se especializou nesse tipo de expedição. A média de integrantes é de dez
motociclistas por grupo, mas tudo depende do nível de pilotagem e
entrosamento entre eles. "Já tive grupos com cinco que daria mais dor de
cabeça que um de 15 com gente atenta", comenta.
Segundo Tagino, não existe erro comum, mas sim uma sucessão de pequenos
equívocos. Por exemplo, viajar com a moto repleta de bagagem é o início
de problemas futuros -- os pneus deverão estar com a pressão mais alta e
terão menor aderência, aumentando a chance de quedas. O idela é ter uma
moto sempre ágil e leve. Outra questão é a atenção à documentação do
motociclista e da motocicleta e às normas de outros países, caso a
viagem seja fora do Brasil.
Fonte: Aldo Tizzani Da Infomoto