Mc carcarás do ingá

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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mais fácil de ser comprada, moto grande ainda é cara para manter

  Mario Villaescusa/Infomoto

Uma única pastilha de freio da Honda CBR 600 RR custa R$ 300


Motocicletas de porte grande são a bola da vez. Só em 2014, as vendas de modelos zero quilômetro acima de 450 cc movimentaram R$ 300 milhões. Assim como acontece com os carros, elas são símbolo de status: quanto maior o tamanho e a potência, maior o apelo.


Para atender a esse mercado crescente, fabricantes oferecem facilidades como crédito farto, consórcio e parcelamento aos potenciais consumidores, tanto para unidades novas quanto usadas. Nessa hora, o impulso de realizar um sonho pode gerar uma armadilha: muita gente até tem dinheiro para comprar, mas não para manter uma moto de grande porte.


Veja o exemplo de uma MV Agusta Brutale 2008 abaixo, flagrada em uma rua de São Paulo (SP). Na época do lançamento, uma unidade novinha custava R$ 78.900. Hoje, uma usada não será encontrada por menos de R$ 30 mil nos classificados online. Mesmo assim, a moto vista na imagem mostra sinais de manutenção pouco criteriosa: pneus carecas, banco rasgado e escapamento não original são evidências disso.  


 Cicero Lima/Infomoto
MV Agusta Brutale flagrada em São Paulo escancara sinais de desleixo: pneus carecas, banco rasgado e escape não original tiram beleza e comprometem segurança  
 
Quem não se planeja na hora de fechar a compra terá surpresas meses depois: motos grandes, principalmente as mais potentes, custam caro para manter e não dão muita margem para adaptações. No caso da Brutale fotografada acima, só o pneu traseiro -- item fundamental para a segurança e a estabilidade --  custa quase R$ 1.000.
 
 
Com a expansão da oferta e da concorrência no setor, não é difícil comprar um modelo como a Harley-Davidson 883 Iron (R$ 34.900). Porém, só a troca do pneu traseiro custa mais de R$ 1.200. No caso da Yamaha XT 660Z Ténéré (R$ 33.680), um kit novo de relação final -- corrente, coroa e pinhão -- sai por R$ 1.376,00. Ambos são componentes que, a depender do estilo de pilotagem do dono, têm que ser substituídos antes de 10.000 km de uso.

Mario Villaescusa/Infomoto

Deixou sua Ducati Hyperstrada cair e quebrou um retrovisor e uma luz de seta? Prepara-se para gastar R$ 984 pela substituição, sem contar mão de obra


 

Caiu, gastou

 

Além da substituição de peças por desgaste natural, o motociclista deve levar em consideração a possibilidade de sofrer incidentes -- queda na garagem, por exemplo -- com danos a peças como lanternas e retrovisores. O conserto não sairá barato: no caso de uma Ducati Hyperstrada (R$ 49.990), a luz de pisca, sozinha, custa R$ 456; já um retrovisor cobra R$ 528.


Mesmo as manutenções mais corriqueiras exigem "bolso" do proprietário: trocar o óleo de uma Kawasaki Versys 1000 ABS (R$ 49.990) demanda R$ 320; já uma pastilha de freio da Honda CBR 600 RR está cotada em R$ 302.


Muitos motociclistas, por não terem condições ou não quererem arcar com essas despesas, fogem das peças originais e apelam a componentes de origem duvidosa, que podem comprometer a segurança da máquina.


Para não ter dor de cabeça, é muito importante pesquisar não apenas preço, mas também custos de manutenção antes da compra. Por mais que a oferta seja tentadora e as parcelas caibam no orçamento, o preço de ter uma moto mal cuidada é alto e não será cobrado em prestações.


Cicero Lima é especialista em motocicletas e motociclistas.

Fonte: Cicero Lima
Colunista do UOL

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