Mario Villaescusa/Infomoto
Motocicletas de porte grande são a bola da vez. Só em 2014, as vendas de modelos zero quilômetro acima de 450 cc movimentaram R$ 300 milhões. Assim como acontece com os carros, elas são símbolo de status: quanto maior o tamanho e a potência, maior o apelo.
Para atender a esse mercado crescente, fabricantes oferecem facilidades
como crédito farto, consórcio e parcelamento aos potenciais
consumidores, tanto para unidades novas quanto usadas. Nessa hora, o
impulso de realizar um sonho pode gerar uma armadilha: muita gente até
tem dinheiro para comprar, mas não para manter uma moto de grande porte.
Veja o exemplo de uma MV Agusta Brutale 2008 abaixo, flagrada em uma rua de São Paulo (SP). Na época do lançamento, uma unidade novinha custava R$ 78.900. Hoje, uma usada não será encontrada por menos de R$ 30 mil nos classificados online. Mesmo assim, a moto vista na imagem mostra sinais de manutenção pouco criteriosa: pneus carecas, banco rasgado e escapamento não original são evidências disso.
Cicero Lima/Infomoto
MV Agusta Brutale flagrada em São Paulo escancara sinais de desleixo: pneus carecas, banco rasgado e escape não original tiram beleza e comprometem segurança |
Quem não se planeja na hora de fechar a compra terá surpresas meses
depois: motos grandes, principalmente as mais potentes, custam caro para
manter e não dão muita margem para adaptações. No caso da Brutale
fotografada acima, só o pneu traseiro -- item fundamental para a
segurança e a estabilidade -- custa quase R$ 1.000.
Com a expansão da oferta e da concorrência no setor, não é difícil
comprar um modelo como a Harley-Davidson 883 Iron (R$ 34.900). Porém, só
a troca do pneu traseiro custa mais de R$ 1.200. No caso da Yamaha XT
660Z Ténéré (R$ 33.680), um kit novo de relação final -- corrente, coroa
e pinhão -- sai por R$ 1.376,00. Ambos são componentes que, a depender
do estilo de pilotagem do dono, têm que ser substituídos antes de 10.000
km de uso.
Caiu, gastou
Além da substituição de peças por desgaste natural, o motociclista deve
levar em consideração a possibilidade de sofrer incidentes -- queda na
garagem, por exemplo -- com danos a peças como lanternas e retrovisores.
O conserto não sairá barato: no caso de uma Ducati Hyperstrada (R$
49.990), a luz de pisca, sozinha, custa R$ 456; já um retrovisor cobra
R$ 528.
Mesmo as manutenções mais corriqueiras exigem "bolso" do proprietário:
trocar o óleo de uma Kawasaki Versys 1000 ABS (R$ 49.990) demanda R$
320; já uma pastilha de freio da Honda CBR 600 RR está cotada em R$ 302.
Muitos motociclistas, por não terem condições ou não quererem arcar com essas despesas, fogem das peças originais e apelam a componentes de origem duvidosa, que podem comprometer a segurança da máquina.
Para não ter dor de cabeça, é muito importante pesquisar não apenas preço, mas também custos de manutenção antes da compra. Por mais que a oferta seja tentadora e as parcelas caibam no orçamento, o preço de ter uma moto mal cuidada é alto e não será cobrado em prestações.
Cicero Lima é especialista em motocicletas e motociclistas.
Fonte: Cicero Lima
Colunista do UOL
Colunista do UOL