Se você começou a ler esse texto
só para saber qual das duas 250 cc anda mais, pode parar por aqui! Saiba
que em todas as situações durante a nossa avaliação, a nova Honda CB
Twister saiu na frente da Yamaha Fazer 250. Até mesmo em retomadas de
velocidade, a nova Honda deixou a veterana Yamaha para trás.
Dada esta informação, que não chega a
ser fundamental, o fato é que a Fazer, com seus dez anos de estrada,
finalmente encontrou uma concorrente à altura. Embora sinta o peso da
idade, o projeto Yamaha ainda oferece características para se manter na
briga por mais algum tempo.
Foi isso que mostrou nosso comparativo,
quando rodamos com os modelos de 250cc na cidade e por mais de 200 km na
estrada, alternado entre rodovias sinuosas de pista simples e largas
auto-estradas para avaliar como Fazer e Twister se saíam em diversas
situações. Os pilotos também se revezaram ao guidão das motos várias
vezes.
Comparativo “estático”
Logo de cara, o modelo 2016 da Fazer
Blueflex sai em desvantagem por não trazer a opção de freios ABS. Na
“tabela”, a Fazer flexível sai por R$ 13.620, contra R$ 13.050 da nova
Honda, também bicombustível, mas sem ABS. Entretanto a unidade da nova
CB Twister, avaliada, tinha o sistema antitravamento e o preço sugerido
de R$ 14.550.
A repaginada na Fazer para 2016 trouxe
novas aletas no tanque e uma moldura no farol, além de um painel
inédito. A unidade testada tinha uma bonita cor cinza fosca e grafismos
elaborados – mesmo assim, o modelo Yamaha parece um velho conhecido. Já a
Twister tem um desenho totalmente novo, inspirado na irmã maior, a CB
500F. O design agressivo é complementado por rodas e pneus mais largos.
Assim como a Twister, a Fazer adotou
lanterna traseira com LED, em formato pontiagudo e de boa visibilidade.
As duas usam tampas de abastecimento articuladas, tipo “aviação”, e têm
bom acabamento, com comandos ergonômicos e simples nos punhos.
Porém, o painel da Honda se sobressai. Maior e escuro como as telas de smartphones,
o mostrador da Twister é mais fácil de visualizar os dados. Na Fazer as
informações aparecem em preto, com iluminação por LEDs, e a luz “Eco”,
que indica pilotagem econômica ao rodar em giros mais baixos – e marchas
mais altas. Porém, o painel da Yamaha carece de algum acabamento, e
parece ter sido adaptado ali. O mostrador da Twister conta com molduras
nas laterais.
Em cima das 250cc
Na Fazer o banco tem formato anatômico –
bom para deslocar o corpo em curvas – e é confortável. Porém, a base do
tanque mais larga faz com que o piloto rode com as pernas mais abertas.
Na Twister, o chassi é mais esguio e os joelhos ficam colados ao
tanque. O modelo Honda tem banco mais baixo e um pouco mais “duro”, com
78,4 cm do solo (contra 80,5 cm da Yamaha).
Na Fazer o guidão fica mais para frente;
o da Honda, mais recuado, permite uma posição de pilotagem com as
costas mais retas. Ambas são motos pouco indicadas para pessoas acima de
1,80 m, mas confortáveis, com uma vantagem para a Yamaha, em função do
banco mais aconchegante.
Ciclística
Sistemas de suspensão são semelhantes:
dianteira com bengalas telescópicas sem ajustes e balança traseira
monoamortecida. Porém, muda bastante os ajustes dos sistemas e a
ancoragem do amortecedor traseiro à balança. Enquanto a Yamaha usa um
link, a Honda optou por usar duas molas no amortecedor que é fixado
diretamente à balança: a mola menor amortece obstáculos menores, e outra
mais comprida “segura” os maiores impactos.
Resultado é maior progressividade na
Fazer, que pode se mostrar até macia demais. Na Honda, no entanto, se
elimina manutenção posterior; tanto a de engraxar os rolamentos do
sistema, como de trocá-los.
Nas diversas curvas de raio mais
fechado, ambas se mostraram competentes. No entanto, com pneus mais
largos (sem câmara e radial) e a suspensão mais rígida, a Honda
transmite mais confiança. Porém, a Fazer absorveu desníveis de pista,
com mais “maciez” do que na Honda.
Ambas adotam sistemas de freio a disco
simples nos dois eixos. Bem modulados, garantem paradas seguras, mas com
uma vantagem para a Twister, em função da segurança do ABS e de uma
resposta mais instantânea.
Motor: duas ou quatro válvulas?
O comando de válvulas simples acionando
quatro válvulas volta a ser usado pela Honda. Antes disso, tanto a
antiga Twister de 250 cc como a CB 300, tinham como base o motor de
duplo comando DOHC – que rendia melhor em altos giros. O novo motor SOHC
da Twister gera potência maior (22,6 cv a 7.500), bem como torque
superior, de 2,28 kgfm a 6.000 rpm - ambos usando etanol. Já o Yamaha de
duas válvulas rende 20,9 cv a 8.000 rpm e 2,1 kgf.m a 6.500 rpm, também
com o combustível vegetal.
Deixando números e medidas de lado, fato
é que na prática, o tira-teima foi (em parte) decidido pelo câmbio de
seis marchas da Twister, frente as cinco da transmissão da Fazer. Bem
escalonada, a caixa da Honda permite acelerar e retomar velocidade de
forma mais racional. Muito embora quem não goste de cambiar (e vai fazer
uso sobretudo urbano), vai preferir a Fazer e sua boa dose de força nas
cinco marchas.
Suave e elástico, o motor da Honda acaba
conseguindo entregar a mesma força que a Yamaha. Ou seja, na faixa de
uso mais comum na cidade, entre 3.000 e 5.000 rpm, consegue ser tão ou
mais esperta que a Fazer, que se mostrou um pouco lenta para ganhar
rotação. Ambas pesam 137 kg a seco e são ágeis nos desvios de trajetória
e ao transitar em corredores urbanos.
Na estrada
Em rodovias rápidas, a diferença de
desempenho chega a ser gritante: a 100 km/h em última marcha, a Fazer
está perto de 6.600 rpm, contra 6.000 rpm da Honda. A vibração da Fazer
acaba sendo maior, e a moto fica “esgoelada” pela quinta marcha: o corte
eletrônico aparece a 147 km/h no velocímetro e 10.000 rpm, porém a
velocidade real fica aquém disso. Na CB Tiwster, o corte acontece a 149
km/h e a 10.500 rpm, mas a impressão é de atingir 10 km/h a mais de
máxima.
Com diversas trocas de pilotos (os quais
tinham variação de 16 kg de peso), a Twister acabou levando a melhor:
em diversas passagens feitas na rodovia, o conjunto motor/câmbio da
Honda rendeu mais e se mostrou mais disposto em giros altos, deixando a
Yamaha para trás.
Com tanques grandes o resultado de
autonomia (e consumo) é animador. Na Twister cabem 16,5 litros enquanto a
Yamaha tem capacidade para 18,5 litros. Com gasolina, a Twister rodou
33,97 km/litro, enquanto a Fazer chegou a 30 km/litro.
Conclusão
Ao final do comparativo, a nova CB
Twister mostrou ser um projeto mais moderno e superior. Tanto
visualmente, como pela mecânica mais esperta, acompanhada da caixa de
seis marchas. Porém, a Yamaha oferece bastante conforto e excelente
desempenho urbano, além de uma mecânica colocada à prova ao longo de uma
década de estrada. Entretanto, a Fazer mostrou que já começa a sentir o
peso da idade.
Pneus: com ou sem câmara?
Durante o trajeto o pneu da Twister
furou, mas conseguimos levar a moto rodando até um posto com
borracharia. Lá notamos que havia um corte com cerca de 2 cm, bem entre
as bandas de rodagem – e que esvaziava o pneu rapidamente. Como se trata
de um pneu sem câmara (Pirelli Diablo Rosso II radial), o remendo com
“macarrão” foi simples e rápido, permitindo seguir viagem sem problema
algum. Porém, a Pirelli adverte: “Recomendamos o conserto de pneus sem
câmara utilizando os reparos tradicionais (remendos ou plugs), desde que
o furo esteja limpo e preenchido. O uso do macarrão é indicado para
consertos temporários e emergenciais e deve, assim que possível, ser
substituído pelo reparo tradicional.”
Se fosse um pneu com câmara, seria
necessário tirar e desmontar a roda para verificar (e remendar ou
trocar) a câmara. O borracheiro disse “adorar a solução”, e de quebra
completou: “câmara é coisa de pobre, até mesmo bicicletas das boas já
usam pneus sem câmara”. O conserto custou R$ 30, menos do que é cobrado
por câmaras novas; muitas vezes difíceis de encontrar na beira da
estrada.
Fichas Técnicas
Honda CB Twister ABS
Motor: Monocilíndrico, OHC, quatro válvulas, arrefecido a ar com 249,5, cm³
Diâmetro x curso: 71,0 x 63,0 mm
Taxa de compressão: 9.6: 1
Potência máxima: 22,4 cv a 7.500 rpm (gasolina) / 22,6 cv a 7.500 rpm (etanol)
Torque máximo: 2,24 kgf.m a 6.000 rpm (gasolina ou etanol)
Câmbio: seis marchas
Transmissão final: Corrente
Alimentação: Injeção eletrônica
Partida: Elétrica
Quadro: Tipo diamante em aço
Suspensão dianteira: Garfo telescópico (convencional) com 130 mm
Suspensão traseira: mono-amortecida com mola dupla e 108 mm de curso
Freio dianteiro: Disco de 276 mm de diâmetro
Freio traseiro: Disco de 220 mm de diâmetro
Pneus (radial/sem câmara): 110/70-17 (diant.) e 140/70-17 (tras.)
Comprimento: 2.065 mm
Largura: 753 mm
Altura: 1.072 mm
Distância entre-eixos: 1.386mm
Distância do solo: 192 mm
Altura do assento : 784 mm
Peso a seco: 137 kg
Tanque de combustível: 16,5 litros
Cores: Vermelha (única cor disponível para a versão ABS)
Preço : R$ 14.550
Yamaha Fazer 250 BlueFlex
Motor: Monocilíndrico, 249,45 cm³, OHC, duas válvulas, refrigerado a ar
Diâmetro x curso: 74,0 x 58,0 mm
Taxa de compressão: 9.8: 1
Potência máxima: 20,7 cv a 8.000 rpm (gasolina) / 20,9 cv a 8.000 rpm (etanol)
Torque máximo: 2,09 kgf.m a 6.500 rpm (gasolina) / 2,10 kgf.m a 6.500 rpm
Câmbio: Cinco marchas
Transmissão final: Corrente
Alimentação: Injeção eletrônica.
Quadro: Berço duplo em aço
Suspensão: dianteira Garfo telescópico com 120 mm de curso
Suspensão traseira: Balança monoamortecida com 120 mm de curso
Freio dianteiro: Disco de 282 mm de diâmetro
Freio traseiro: Disco de 220 mm de diâmetro
Pneus (diagonal sem câmara): 100/80-17 (diant.)/130/70-17 (tras.)
Comprimento: 2.065 mm
Largura: 745 mm
Altura: 1.065 mm
Entre Eixos: 1.360 mm
Altura Mínima do Solo: 190 mm
Altura do assento: 805 mm
Tanque: 18,5 litros (4,0 l na reserva).
Peso a seco: 137 kg
Preço: R$ 13.620
Texto: Guilherme Silveira e Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO
Fotos: Mario Villaescusa / Agência INFOMOTO