Em seu quarto ano na MotoGP, o espanhol
Marc Marquez é considerado um fenômeno da motovelocidade, de tantos
recordes que já quebrou. O mais importante, sem dúvida, foi a conquista
do título mundial em 2013, logo em seu ano de estreia, tornando-se o
campeão mais jovem da categoria principal – tinha apenas 20 anos e 266
dias. Como se não bastasse, foi bicampeão no ano seguinte.
Em 2016, após chegar em primeiro no Grande Prêmio da Argentina de MotoGP, no início de abril, o espanhol visitou pela primeira vez o Brasil. A caminho do Texas (EUA), onde disputou e também venceu a terceira etapa desta temporada, o jovem piloto da equipe Honda Repsol conversou com a INFOMOTO sobre as mudanças nas regras da categoria que, neste ano, unificou o software eletrônico de controle das motos.
Conhecido por seu estilo agressivo de pilotagem e por suas derrapadas, o espanhol Marquez é garantia de show na pista, com voltas rápidas que lhe renderam 32 pole-positions em quatro temporadas na MotoGP. Mesmo assim, garante: “com os motores que temos agora, é preciso haver alguma eletrônica, porque se não as motos são impossíveis de guiar”.
INFOMOTO – Você começou a pilotar
motos aos quatro anos. Competiu de motocross e depois foi para as
pistas. Como você vê a evolução da tecnologia e da eletrônica que ajuda
aos pilotos e também aos motociclistas comuns?
Marc Marquez – Eu pude pilotar muitas motos: motocross, dirt-track, MotoGP. Mas a MotoGP é a única moto com eletrônica, com muita eletrônica. A eletrônica ajuda muito a pilotar de forma mais constante. Ajuda um pouco a regular as derrapadas, ajuda a regular muitas coisas que, às vezes, para o piloto é complicado entender como solucionar um problema sem a eletrônica. Mas, sobretudo, essa tecnologia significa segurança, eu acredito. Mais que para andar rápido contribui muito para a segurança, e isso é uma coisa que nós, pilotos, agradecemos muito. Que haja essa segurança.
INFOMOTO – E, na sua opinião, a eletrônica reduz o papel dos pilotos? Com tanta tecnologia ficou mais fácil pilotar uma MotoGP?
Marc Marquez – Esse ano diminuiu um pouco. Porque as regras mudaram e na MotoGP temos um software único para todos e o nível da eletrônica é menor. É uma eletrônica um pouco inferior e então a moto se “move” mais e de forma mais agressiva. Então estamos usando menos a eletrônica e controlamos mais na mão, mais no punho, para tentar entender bem o que acontece com a moto. Mas sei que a tendência é essa, né? De termos menos eletrônica, mas com os motores que temos agora tem que haver algo, porque se não são impossíveis de guiar.
INFOMOTO – Você tem um estilo mais agressivo, com muitas derrapagens nas curvas: a eletrônica ajuda você a pilotar dessa forma?
Marquez – Sou um dos pilotos que utiliza menos eletrônica. Menos controles, porque para que a moto derrape é preciso deixá-la livre. Pois muita eletrônica não permite você derrapar... Com menos eletrônica, posso pilotar com o estilo que vocês vêem pela televisão.
INFOMOTO – Você pilota motos nas ruas e estradas?
Marquez – Na rua não, porque não tenho carteira de habilitação. Mas preciso tirar minha carteira, pois às vezes tenho vontade de andar com uma CBR 600 ou 1000 nas ruas e estradas e não posso.
INFOMOTO – Então você nunca experimentou os controles que há em uma moto de rua?
Marquez – Já experimentei sim, experimentei em circuitos. É uma eletrônica muito mais básica, que se nota muito. Diria que é até uma eletrônica desagradável, porque você quer acelerar, derrapar e os controles cortam o motor. Mas para as ruas é um sistema muito seguro. Creio que para pilotos com menos experiência, essa tecnologia ajuda muito. E também ajuda para que não haja tantos acidentes.
INFOMOTO – Quando você pilotou uma moto normal, de série, na pista, você desligou tudo?
Marquez – Sim, quando acelerei na pista, desliguei tudo. Já estou acostumado com a MotoGP que tem 240 cavalos e nessas motos de série a potência é bem menor e pude conduzi-la facilmente.
Texto: Arthur Caldeira/Agência Infomoto
Edição de imagens: Arlem Ribeiro
Edição de imagens: Arlem Ribeiro