Yamaha prova que é uma concorrente à altura da potência da Ninjinha
Desde seu lançamento, ainda como 250, a Ninjinha foi recebida com
entusiasmo por oferecer mais performance que uma monocilíndrica e a
estética de uma esportiva da marca, por um preço mais acessível. Sua
evolução com 300cc também foi inovadora porque somou mais potência e a
embreagem deslizante, deixando para trás as concorrentes que já haviam
surgido. Agora com a Yamaha na disputa, com a YZF-R3, pela primeira vez
uma rival promete superar as especificações da Kawasaki.
As fotos da R3 revelam uma estética chamativa, de identificação com sua
matriarca, a R1, mas pessoalmente ela impressiona ainda mais. Os
detalhes são muito bem cuidados, os faróis da R3 são menores e se
encaixam no final do frontal da carenagem; já os da Ninja ocupam um bom
espaço logo abaixo da bolha, alargando esta parte da moto, e o mesmo
acontece nas laterais, onde incorpora os piscas à carenagem – a Yamaha
preferiu sinaleiros tradicionais com hastes. A parte traseira da R3
também é mais esguia que a da Ninja, sua rabeta é mais discreta e
afilada (levar passageiro não é prioridade nas duas, saiba disso), a
ponteira menor ajuda na imagem compacta. De qualquer forma, ambas são
belas e chamativas.
As duas têm painéis bacanas e bem completos, a Yamaha optou por deixar o
conta-giros analógico redondo deslocado à esquerda e num display de LCD
do outro lado colocar todas as outras informações. A Kawa deixou o
grande conta-giros (também analógico) centralizado em destaque com o
mostrador de cristal líquido deslocado à direita para exibir as demais
informações. Só na R3 você vê a marcha engatada, tem shift-light para
indicar o momento ideal para troca e há escala de temperatura do líquido
de arrefecimento do motor.
A posição de pilotagem das duas também é semelhante, com corpo
inclinado à frente sem exagero, de clara proposta urbana, mas o banco da
Yamaha oferece um pouco mais de conforto, a espuma ganha em maciez,
assim como as suspensões. Logo que montei na R3 percebi que as bengalas
afundam com mais facilidade do que na Ninja, isso colocou em dúvida a
capacidade de andar forte na pista com ela, imaginei que sacudiria,
principalmente em curvas de alta. A Kawa já havia mostrado que é boa de
curva e que suas suspensões mais firmes, mesmo transmitindo um pouco
mais da energia de seus movimentos para o corpo do piloto (o que não
chega a incomodar), se comporta bem em qualquer tipo de curva. Engano
meu, a Yamaha tem ótima capacidade para contornar curvas sem titubeios,
nem movimentos estranhos. O garfo possui 41 mm de diâmetro, ante 37 mm
da Kawasaki, o que também reduz torções na frente e se traduz em
estabilidade. A moto é um pouco mais leve e fácil de direcionar não só
por causa dos 4 kg a menos, mas principalmente por conta do entreeixos
2,5 cm menor e do ângulo de 25° da frente, contra- 27° da Ninja.
Quanto andam?
A configuração de motores também se assemelham, são 2 cilindros
paralelos, 8 válvulas e refrigeração líquida. O da Yamaha tem 25cc a
mais (321cc contra 296cc), rende 42 cv a 10.750 rpm com torque de 3
kgf.m a 9.000 rpm, enquanto a Kawasaki rende 39 cv a 11.000 rpm e 2,8
kgf.m a 10.000 rpm. Apesar dos números próximos, torcendo o cabo do
acelerador aparecem as diferenças. São motores do tipo que precisam de
rotações para funcionar melhor, sendo que na R3 as respostas são mais
rápidas e lineares, reduzindo a sensação de que o motor só “acorda” de
médios para altos giros.
Fizemos largadas com as duas e a Yamaha pula na frente e vai abrindo,
mas à medida que giros e velocidade sobem a distância congela e fica em
aproximadamente três motos. Pode ser pouco, é verdade, mas pode te
deixar para trás naquele “pega” com o colega. Nos 600 metros de reta
plana para aceleração na pista de testes (mais outras dezenas de metros
reservados para frenagem) a velocidade alcançada pela R3 foi 150 km/h,
contra 146 km/h da Ninja. Em testes anteriores com a Kawasaki alcançamos
174 km/h reais sem limitação de pista, fazendo supor que os 3 cv extra
da R3 podem deixá-la um pouco mais perto de 180 km/h.
Na hora de segurar o ímpeto das duas a medida dos discos dianteiros
varia, na Ninja tem 290 mm e na R3 298 mm, ambos com pinças de dois
pistões e ABS opcional, enquanto a pinça traseira da Kawasaki é a única
também com dois pistões. As configurações relativamente aproximadas não
corresponderam a frenagens equivalentes: a 100 km/h a R3 precisou do que
seria o comprimento de cinco motos enfileiradas a menos até a parada,
distância considerável.
Pois é, a Yamaha caprichou na R3 para superar a Kawasaki, que lançou e
consolidou a categoria no Brasil. Os preços equivalentes com
configuração e performance superiores não deixam dúvida da vitória da
R3, que custa a partir de R$ 21.390, enquanto a Ninjinha só está
disponível no modelo 2015 por R$ 18.990, que será reajustado assim que
as concessionárias receberem o modelo 2016. A julgar pelo reajuste da
Z300 2016, que agora custa o mesmo que a MT-03, se houver diferença
entre os preços de R3 e Ninja 2016, será insignificante.
Fonte: www.revistaduasrodas.com.br