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quarta-feira, 23 de março de 2016

Motos turbinadas: a criação dos anos 1980 de volta para o futuro

Com visual futurista, a primeira moto turbinada entrou em produção há mais de 30 anos. E com ela aprendemos a não cometer os mesmos erros nesta nova geração...

 

Os anos 1980 foram a década de “A Super Máquina”, “De Volta para o Futuro”, Michael Jackson, cores vivas e relógios digitais. O exagero kitsch e a tecnologia eletrônica inspiravam mentes, produtos e, claro, motos e carros. Foi também a década das motos turbinadas, lançadas no curto período de dois anos pelas quatro grandes japonesas: Honda CX 500 turbo (1982), Yamaha XJ 650 Seca Turbo (1982), Suzuki XN85 (1983) e Kawasaki GPZ 750 Turbo (1984). Todas foram baseadas em modelos aspirados e tinham como objetivo o mercado americano, onde uma taxa extra para motos importadas acima de 700cc foi criada para proteger a indústria local – a Kawasaki foi a única 750 da lista, mas montava componentes no país para burlar a regulamentação.


 
A vida curta dos modelos turbinados dos anos 1980 foi marcada por inovações que vieram acompanhadas de acertos e erros, preços nem sempre tão atrativos, e a conclusão de que o mercado tinha alternativas menos complexas à disposição ou dava preferência a modelos de maior cilindrada como a GPZ 900. A Kawasaki já havia flertado com a sobrealimentação em 1978 e 1979 ao modificar 500 unidades da Z1, batizadas de Z1R TC, com kits americanos. Foi a primeira moto com turbo de fábrica, embora a produção em série só tenha acontecido de fato a partir de 1982 com o lançamento da Honda CX 500 Turbo.
 


 
O projeto da Honda partia de um pacato modelo criado no fim dos anos 1970 com um V2 transversal como o da Moto Guzzi, de 4 válvulas por cilindro e refrigeração líquida, que rendia 50 cv. Ao ter o virabrequim reforçado, taxa de compressão reduzida, receber uma pequena turbina de 51 mm para forçar mais ar às câmaras de combustão e incorporar a novidade da injeção eletrônica, com seus sensores e central monitorando todo o funcionamento, alcançou 82 cv.

 
A CX 500 Turbo também herdou recursos já usados em modelos de maior cilindrada da marca, como o garfo dianteiro com sistema anti-mergulho TRAC, ajuste de suspensão a ar e dois discos de freio na dianteira. Tinha assento grande e confortável, oferecia posição de pilotagem ereta com o guidão alto e a carenagem de linhas futuristas era grande o bastante para proteger do vento com eficiência. A roda dianteira de 18 polegadas deixava claro que sua pretensão não era esportiva, numa época em que a Honda adotava o aro de 16” quando a prioridade era da performance. 


 
Naquele tempo não havia o refinamento (inclusive eletrônico) de uma Kawasaki Ninja H2, modelo que marcou o retorno da sobrealimentação às motos em 2014, e o funcionamento certamente não era algo a ser classificado como linear. O motor sofria a falta de fôlego antes da entrada do turbo, havia o atraso na resposta ao comando do acelerador (“lag”) e o início da sobrealimentação se dava bruscamente. Apenas um ano depois a CX 650 Turbo surgiu com uma ampla revisão e variadas melhorias por toda a moto, além do motor aumentado no diâmetro e no curso. O V2 teve a taxa de compressão elevada de 7,2:1 para 7,8:1, recebeu melhorias na injeção eletrônica e reduziu o atraso na resposta do turbo. A progressividade havia melhorado, relações de marcha revistas foram uma importante contribuição para o aproveitamento do propulsor e a potência de 100 cv em uma bicilíndrica era realmente notável. 

 
Yamaha XJ 650 Seca Turbo e Suzuki XN85 vieram a seguir , ambas com motores de 4 cilindros refrigerados a ar e 2 válvulas em cada, que não passaram de 90 cv e pouco acrescentaram em inovação. No fim de 1983 a Kawasaki GPZ 750 Turbo foi lançada já como modelo 1984 impressionando pela velocidade obtida por seus 112 cv (usava 4 cilindros refrigerados a ar com 4 válvulas e injeção). Não havia concorrência em termos de motor e o design da carenagem das primeiras Ninja se tornaria uma celebridade em “Top Gun”.

 
A legislação estimulou o surgimento da era turbo dos anos 1980 e os custos determinaram seu fim na segunda metade da década. Desta vez, três décadas mais tarde, o retorno da sobrealimentação é novamente motivado pela legislação. Metas de redução de emissões e consumo são atingidas com motores de menor deslocamento mais eficientes, que ao acionarem o turbo compensam a perda de performance em comparação a uma cilindrada superior. A Kawasaki Ninja H2 relançou a tecnologia nas motos com novas abordagens como o suporte de controles eletrônicos para assegurar respostas graduais e previsíveis, além da opção pelo supercharger em vez do sistema turbo – a turbina que empurra ar extra é movimentada pelo virabrequim do próprio motor, portanto não depende de os gases de escapamento atingirem uma pressão mínima para ser acionada no meio da aceleração, como nos sistemas anteriores. Um ano depois da estreia da H2 a Kawasaki acaba de apresentar uma nova versão da tecnologia com foco em motores mais econômicos, assim como a Suzuki, que inicialmente pretende aplicar a sobrealimentação a unidades de 2 cilindros e capacidade de deslocamento intermediária. Desta vez, com mais confiabilidade e restrições crescentes aos grandes motores, a sobrealimentação parece ter vindo para ficar. Ao menos enquanto durarem os motores a combustão...

 

 

Fonte: www.revistaduasrodas.com.br

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