Mc carcarás do ingá

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quinta-feira, 12 de maio de 2011

O SINIAV, Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos.







Para quem não sabe, o SINIAV nada mais é do que uma daquelas etiquetas inteligentes (Smart Tags), que usam uma tecnologia chamada RFID. São pequenas etiquetas metálicas, dotadas de um pequeno chip de computador e que podem ser “acessadas” sem fios por um outro equipamento eletrônico, chamado Scanner RFID.
A idéia é simples: Instalar uma etiqueta dessas em cada veículo no país, para permitir que radares, pedágios, postos de fiscalização e outros “pontos de controle” espalhados pelas ruas e estradas possam “ler” a etiqueta de cada veículo que passe por estes locais, aplicando multas, identificando veículos roubados ou com licenciamento atrasados, desrespeito ao rodízio municipal, entre milhares de outras possibilidades de uso.
A idéia é a mesma das câmeras com leitor de placas (LPR), com a diferença que as câmeras só conseguem capturar uma pequena amostra dos veículos que passam em frente as suas lentes, enquanto um scanner de RFID pode capturar 100% dos veículos num raio de vários metros, sem o uso de lentes e sensores óticos, sendo praticamente imune diferenças climáticas, sujeira ou adulterações grosseiras.
Pode-se instalar um leitor destes em um cruzamento muito movimentado e obter a identificação de todos os veículos em todas as direções, o que só poderia ser feito instalando-se várias câmeras leitoras de placa. Além disso, um Scanner RFID é mais barato que uma câmera dessas.


Muita gente ficou preocupada com a questão da privacidade. A preocupação é justamente expor a quem quiser todo o trajeto e itinerário de qualquer veículo, bastando para isso encher as cidades com leitores como estes. Se houver Scanner de RFID nas principais esquinas, seria possível rastrear qualquer veículo desde sua origem até seu destino. Para contornar este risco, o protocolo IAV prevê uma camada de segurança. Essa informação não é muito clara, pois o protocolo só pode ser acessado por empresas licenciadas e é tratado com confidencialidade. Mas imagino que seja um tipo de criptografia, que inviabilize que equipamentos “não autorizados” tenham acesso a esta identificação.
Eu acho legal que o governo esteja pensando em modernizar os equipamentos dos órgãos de fiscalização, acho a ideia ótima. Mas tenho algumas preocupações referentes a esta tecnologia, e acho que se não forem levadas em consideração, podem inviabilizar o projeto.
A primeira é com relação a tecnologia RFID. Existem estudos que mostram que essa tecnologia, por definição, não é muito segura. As etiquetas inteligentes podem ser “reescritas” por um equipamento muito parecido com o Scanner, ou seja, sem fios. Uma pessoa mal-intencionada pode simplesmente apagar todas as etiquetas em um raio de alguns metros. Proprietários de veículos teriam suas etiquetas apagadas e nem saberiam disso, ficando sujeitos a penalidades por terem “adulterado a identificação do veículo”… Penalidade obviamente injusta nestes casos. Mas como provar?
Outra consideração é com relação a criptografia… Eu particularmente acho que não vai demorar até aparecer algum nerd de 16 anos que consiga, no porão da sua casa, quebrar o código do protocolo IAV. Fizeram isso com o iPhone, com o Playstation 3, com o protocolo WEP e com outros tantos eletrônicos… Porque não haveriam de fazer com protocolo IAV? De posse dos códigos de segurança, seria possível programar scanners de RFID para ler as placas, tais quais os equipamentos do governo. Desta forma, uma pessoa mal-intencionada poderia espalhar scanners deste pela cidade para rastrear os veículos que quiser. Já posso até imaginar empresas de rastreamento usando estes sensores para identificar o paradeiro de carros roubados, shopping-centers e grandes estacionamentos usando essas etiquetas para liberar as cancelas, praças de pedágio que usam o próprio SINIAV em vez da Smart Tag própria deles, particulares instalando esses scanners nas entradas de motéis, e usando para qualquer fim que se imagine. As aplicações são ilimitadas, só depende da imaginação de cada um.
E tem mais uma consideração: RFID funciona por Radio Frequência. Significa que a comunicação entre o scanner e a smart tag acontece em uma determinada frequência de rádio. Burlar um scanner de RFID é simples, basta ter um Jammer criando ruído na mesma frequência. Desta forma, o scanner não consegue ler a etiqueta, e o veículo passa despercebido. Eu posso até imaginar esses jammers sendo fabricados como pequenos aparelhos que podem ser ligados ao acendedor de cigarros do carro, tornando assim o carro invisível a fiscalização.
 
 
Como pode ver, existem alguns pontos que ainda não estão claros no SINIAV. Assim como a ideia dos radares inteligentes que ajudam a recuperar veículos é boa, o SINIAV também parece ser bem intencionado. Só temo que ele tenha o mesmo fim.
O prazo para o SINIAV entrar em operação é em 2014 e já existem empresas criando tecnologia para tornar o programa possível. Vamos aguardar para ver o que sai de tudo isso.
 
 
fonte: www.motosblog.com.br

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