A famosa superesportiva surgiu em 1985 trazendo a tecnologia e o desempenho antes restrito às pistas de corrida e aos pilotos profissionais para as mãos de motociclistas comuns
A
necessidade é a mãe da inovação, diz uma das variantes do famoso dito
popular. Foi a necessidade de criar uma moto de corrida de até 750 cc,
com o desempenho de uma 1.000 cc, que fez nascer em 1985 uma das mais
revolucionárias superesportivas de todos os tempos: a Suzuki GSX-R 750.
“Sabíamos que o nosso desafio de criar uma moto de menor capacidade com
mais potência era enorme”, relembra Isamu Okamoto, engenheiro de motores
da Suzuki na época.
Elogiada e à venda ainda hoje, a GSX-R 750
marcou época com suas engenhosas soluções técnicas. E é considerada por
muitos a primeira motocicleta “Race Replica” moderna, ou seja, uma moto
de pista feita para rodar na rua. Ficou conhecida no Brasil pela sigla
SRAD, que resumia uma de suas inovações: a injeção direta de ar para o
motor presente no modelo desde 1996, quando começou a fazer sucesso
também por aqui.
Para atingir o objetivo de projetar uma moto de
750cc com alto desempenho a Suzuki teve de inovar. Criou um quadro
berço-duplo perimetral feito em alumínio, o primeiro a equipar uma
750cc, que pesava cerca de 8 kg a menos do que os quadros de aço feitos
na época. Optou por um motor de quatro cilindros com refrigeração mista,
com o óleo refrigerando as válvulas e cabeçotes, o que o fez ser bem
mais leve que os motores com refrigeração líquida.
A
receita deu certo. A primeira GSX-R 750, que começou a ser
comercializada em março de 1985, pesava apenas 179 kg a seco e produzia
106 cavalos de potência máxima!
Mas as inovações não paravam por
aí. A alimentação era feita por carburadores guilhotina, a embreagem
contava com acionamento hidráulico, tinha câmbio de seis marchas e a
pinça de freio na dianteira tinha quatro pistões opostos para frear
ambas as rodas de 18 polegadas. Características encontradas apenas em
motos de corrida. E foi justamente essa a grande sacada da Suzuki, que
era explicitada no slogan: “Race-bred technology and performance at an
affordable price”, ou em português, “Tecnologia e desempenho de pista
por um preço acessível”.
Vitoriosa nas pistas
Mas a GSX-R 750 1985 não era apenas uma superesportiva de rua. Era também uma moto de corrida. Afinal, com mais de 100 cavalos e menos de 180 kg, permitia uma inclinação de 55° nas curvas e conquistou diversas vitórias nas pistas. Ganhou provas no campeonato de superbike nos Estados Unidos e foi campeã na Inglaterra com nove vitórias em 11 provas, já em 1985. A partir daí, tornou-se o desejo de todo piloto ou motociclista fã de velocidade.
Afinal, a GSX-R 750 era uma versão menor e feita para
as ruas da GS1000R de pista. Seus carburadores guilhotina proporcionavam
uma resposta muito mais rápida do que os carburadores a vácuo, mas eram
bruscos para os pilotos. Não havia concessões: a GSX-R 750 poderia ser
muito rápida quando guiada por um motociclista habilidoso, mas também
podia ser perigosa nas mãos erradas.
Evolução
Mas, como toda moto inovadora, a GSX-R 750 se tornou a moto a ser batida pelas rivais. Por isso, precisou evoluir para se manter como referência. Em 1988, sua carenagem foi redesenhada, as suspensões, aprimoradas e ganhou pneus radiais.
Para
1992, a grande novidade foi a adoção de um propulsor com refrigeração
líquida. Mas foi mesmo em 1996 que o modelo passou por uma completa
renovação, ganhando ainda mais tecnologia oriunda da moto de 500cc do
Campeonato Mundial, e mantendo os 179 kg a seco.
O ano 2000 marcou
a chegada da injeção eletrônica a família GSX-R 750 com a Suzuki Dual
Throttle Valve, com corpo de borboleta duplo, sendo um deles controlado
eletronicamente. O que por um lado proporcionou uma alimentação mais
eficaz e mais potência, mas, de certa forma, ajudou a domar essa nervosa
esportiva. Em 2004, outra grande renovação no modelo que passou por um
regime para pesar 163 kg a seco, o mesmo que as esportivas de 600cc,
porém com muito mais potência. A última grande mudança na linha
aconteceu em 2011, com um novo design e melhorias no motor e também na
parte ciclística.
Desde
então, a esportiva da Suzuki manteve-se como a única 750cc do mercado
e, agora, para 2015, ganhou uma nova roupagem, que presta homenagem ao
retorno da Suzuki às provas de Moto GP. Com uma carenagem azul com
detalhes em amarelo, a GSX-R 750 2015 produz agora 150 cv de potência
máxima e pesa 190 kg em ordem de marcha, ou seja, manteve-se compacta,
leve e potente.
Se
hoje há motos de rua praticamente prontas para as pistas, essa evolução
das superesportivas modernas começou com a GSX-R 750 de 1985. Uma
verdadeira clássica. (Por Arthur Caldeira)
Para 2015 a novidade foi apenas uma pintura que faz referência à volta da Suzuki às pistas de MotoGP
Fonte: infomoto